A MEDICINA DA FLORESTA
A medicina da floresta aqui no Brasil vem sendo utilizada e regida pela interação de diversas práticas empíricas, como o uso de recursos naturais, atos religiosos e magia, ligadas às culturas indígena, européia e africana.
Entretanto sabemos a importância dessas medicinas para o reestabelecimento da saúde .
Para o povo indígena e boa parte da cultura oriental a saúde é vista como reflexo do equilíbrio do corpo , mente e espírito. Portanto procedimentos de tratamento e cuidados são realizados sistematicamente e não de forma isolada.
Acreditamos que o desequilíbrio do homem acontece quando ele se distância da natureza primordial e essencial.
CONHEÇA AS PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS DE ALGUMAS DAS PRINCIPAIS MEDICINAS DA NATUREZA:
LEMBRETE: todo consumo e uso dessas subst

RAPÉ

O rapé (do francês raper, "raspar")
O rapé é um pó muito fino que é soprado nas narinas através de tubos ocos e em sua composição são utilizadas diversas partes de plantas secas e trituradas que, segundo algumas etnias, apresentam propriedades medicinais e místicas, frequentemente utilizadas em rituais de cura do corpo, da mente e do espírito.
O Rapé é tradicionalmente utilizado para desintoxicar o corpo e limpar os excessos de muco, toxinas e parasitas, logo dando assistência para combater doenças físicas e espirituais, que para culturas nativas muitas vezes estão relacionadas. Para culturas do tronco linguístico Pano o rapé auxilia no tratamento da panema, uma condição física e espiritual que se manifesta como preguiça de trabalhar, desânimo e falta de força de vontade, onde o rapé ajuda a se livrar das energias intrusas ou obstruídas no corpo da pessoa em questão.
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Todos os tipos de Rapé tem a capacidade de harmonizar a mente ajudando no entendimento de pensamentos e emoções, facilitando a compreensão de processos internos. Energeticamente se diz que protege o usuário, afastando baixos espíritos e energias mal elaboradas
AYAHUASCA
Ayahuasca do quíchua aya, que significa 'morto, defunto, espírito', e waska, 'cipó', podendo ser traduzido como "cipó do morto" ou "cipó do espírito" tam,bém conhecida como hoasca, daime, iagê,santo-daime e vegetal, é uma bebida enteógena produzida a partir da combinação da videira Banisteriopsis caapi com várias plantas, em particular a Psychotria viridis e a Diplopterys cabrerana.
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A produção e o consumo da bebida são difundidos no mundo todo, em especial nos países ocidentais.
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A ayahuasca é, frequentemente, associada a rituais de diferentes grupos sociais e religiões, além de fazer parte da medicina tradicional dos povos da Amazônia.
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Os efeitos terapêuticos da Ayahuasca tiveram seu pontapé inicial pela ciência à medida que foram observadas e estudadas as organizações ayahuasqueiras e os benefícios do chá em relação aos sintomas de depressão, ansiedade e dependência química. Alinhado a isso, ensaios com roedores e aplicação de β-carbolina, demonstraram que a administração contínua desse 102 MARTINS, B. L.; LEITE, E. S. ; SALOME, R. E. V.; PIAZERA, B. K. L..
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Os benefícios do uso da ayahuasca como ferramenta alternativa ao tratamento convencional da depressão: uma revisão de literatura. R. Científica UBM -Barra Mansa (RJ), ano XXVIII, v. 24, n. 48, 1. sem. 2023. P. 95 – 111. ISSN 2764-5185 composto foi o principal motivo da diminuição da anedonia (desmotivação na realização de tarefas habituais), o peso da glândula adrenal e o aumento do seu tempo de atividade e os níveis de BDNF (Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro) no hipocampo, fatores esses compatíveis com as ações antidepressivas de tratamentos convencionais (ROCHA, 2020). Cabe destacar que o cortisol salivar é outra ferramenta ligada aos índices de depressão e modulação do BBDNF sendo assim, de acordo com MENEZES GALVÃO et al. (2018), pacientes comdepressão resistente aos medicamentos e com níveis de cortisol abaixo dos saudáveis submetidos ao uso da Ayahuasca, em doses 1 ml/kg ajustado para conter 0,36 mg/kg de N,N-DMT, após 1 hora e 40 minutos de ingestão apresentaram aumento agudo do cortisol salivar; e 48h após o uso, os níveis de cortisol se mantiveram constantes e semelhantes ao dos pacientes saudáveis.
O cortisol é um esteroide hormonal que, na regulação das vias fisiológicos e processosemocionais, é considerado marcador biológico confiável e de baixo esforço para pacientes com
transtorno psíquico. Em picos elevados, o cortisol pode acarretar uma depressão melancólica caracterizada por sintomas de ansiedade, hiperatividade, perda de peso e insônia, enquanto os
níveis mais baixos do mesmo simbolizam a depressão atípica fornecida de apatia, sono excessivo, sensibilidade e rejeição interpessoal (MONTENEGRO, 2012). Relatos apontam
que o hormônio, quando associado à depressão, é alvo de oscilações logo ao despertar evidenciando, na maioria dos casos, o hipocortisolismo. No caso de uma exposição prolongada
à doença, os níveis de cortisol podem apresentar redução acometedora ao organismo doindivíduo (RODRIGUES et al. 2021; PIWOWARSKA et al. 2012).
Em um estudo randomizado analisado por GALVÃO et al. (2018) constatou-se que, a hipocortisolemia é especifica para casos de depressão resistente aos medicamentos tradicionais
utilizados no tratamento bem como foi divulgado que administrações únicas das doses encapsuladas de Ayahuasca na dose correspondente 1,0 mg de DMT/peso corporal alavancou
os níveis de cortisol salivar e as concentrações de DMT em 0,36 mg/ml; harmina em 1,86mg/ml; harmalina em 0,24 mg/ml e tetrahidroharmina em 1,20 mg/ml demonstrando seu
potencial terapêutico frente aos transtornos mentais.
Com relação à aplicabilidade de testes feitos em cima de modelos animais, a Ayahuasca demonstrou fortes indícios dos seus benefícios visto que SILVA et al. (2018) em trabalho com
saguis em depressão por isolamento, visualizou que após 24 horas de uma dose aguda do líquido, preparado em camadas misturadas de 50% de folhas de P. viridis e 50% de casca de B. caapi , fervida em água por 60 h, em dosagem de 1,67 ml/300g (baseado nas doses utilizadasem cerimônias ritualísticas brasileiras de 1ml de aya/kg) do peso corporal via gavagem, o
103MARTINS, B. L.; LEITE, E. S. ; SALOME, R. E. V.; PIAZERA, B. K. L.. Os benefícios do uso da ayahuasca como ferramenta alternativa ao tratamento convencional da depressão: uma revisão de literatura. R. Científica UBM -Barra Mansa (RJ), ano XXVIII, v. 24, n. 48, 1. sem. 2023. P. 95 – 111.
ISSN 2764-5185cortisol retornou aos níveis basais principalmente nos machos e além disso, reduziu o ato de coçar (comportamento este intimamente estereotipados nos casos de depressão nos primatas),produzindo uma resposta prolongadas desses efeitos num período de 14 dias. Em contrapartida, outra pesquisa realizada com saguis, nos mesmos parâmetros desta acima, mas utilizando antidepressivos da classe tricíclico, atestou que mesmo com a diminuição significativa do ato de coçar e autoarranhar, somente após 7 dias do estudo, os níveis de cortisol se elevaram e ainda assim, acima dos valores basais e retornando aos níveis identificados no início da pesquisa logo após a suspensão do tratamento, que em comparação de resultados confirma cientificamente a atuação rápida e prolongada da Ayahuasca em favor da fisiologia da depressão (GALVÃO- COELHO et al, 2017).
Dentre as pesquisas acerca da utilização medicamentosa e evolução clínica de umepisódio depressivo, destaca-se a utilização das escalas psicometricamente válidas de avaliação
de Hamilton (HAM-D) e a de Montgomery & Asberg (MDRS) em que, por parte do psiquiatra, obtém-se o diagnóstico e a gravidade proveniente de questionários de 0 a 10 itens (BECH et al.
2014).Em uma unidade psiquiátrica da Universidade de São Paulo foi realizado um teste com Ayahuasca em 2 homens e 4 mulheres com histórico de depressão em episódios de leve a grave
em tratamento farmacológico. As doses de AYA (de composição não adulterada tanto em concentração como em composição) foram administradas em 120/200ml nos pacientes em
observação por 21 dias, e, ao final dos testes, relacionando-se as escalas HAM-D e MDRS evidenciou-se a diminuição dos sintomas de desordem psíquica como por exemplo: culpa,
pensamentos suicidas, dificuldade da realização de atividades cotidianas, tristeza profunda, pessimismo e falta de concentração (TELES, 2016).Em corroboração, um outro estudo com Ayahuasca, em indivíduos resistentes ao tratamento de depressão e suscetíveis ao suicídio, realizado e analisado por ZEIFMAN (2019)
confirmou também que após 7 dias de intervenção com AYA em dose única de 1 ml/kg em forma de chá,
os números projetados na escala MDRS apresentou diminuição próxima da
significância esperada, refletindo nas mudanças dos sintomas depressivos e comportamento suicida.
Fica evidente, por meio dos diversos estudos, a utilização benéfica da Ayahuasca no que
se refere a sua aplicação terapêutica nos quesitos ligados à saúde mental e depressão, elucidando
ainda mais os incentivos científicos para incorporação nos sistemas de saúde e tratamentos
farmacológicos. De acordo com JÚNIOR (2014), o governo brasileiro começou uma política
104 MARTINS, B. L.; LEITE, E. S. ; SALOME, R. E. V.; PIAZERA, B. K. L.. Os benefícios do uso da ayahuasca como
ferramenta alternativa ao tratamento convencional da depressão: uma revisão de literatura. R. Científica UBM -
Barra Mansa (RJ), ano XXVIII, v. 24, n. 48, 1. sem. 2023. P. 95 – 111. ISSN 2764-5185
de incentivo há 10 anos e somente após 4 anos reiterou a necessidade de que esses estudos fossem a diante
COGUMELO SAGRADOS
O que são cogumelos mágicos Psilocybe cubensis ?
Os cogumelos mágicos Psilocybe cubensis são os frutos de um fungo que contém as substâncias psicoativas psilocibina, psilocina e baeocistina, sendo também conhecidos como cogumelos psicodélicos.
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De onde vem os cogumelos mágicos ?
Fungos, como o Psilocybe cubensis, são excelentes recicladores da natureza. Quando um esporo (semente) de cogumelo cubensis cai em um meio nutritivo o fungo toma vida. Então, começa a digerir o material, transformando-o em uma rede de micélio. Quando atinge a maturidade, o micélio gera frutos para sua reprodução: os cogumelos. Os cogumelos produzem milhões de esporos, facilmente, dissemináveis pelo ar e carregados por milhares de quilômetros. Por conta disso, encontram-se cubensis em todos os continentes do planeta.
As épocas de cogumelos mágicos Psilocybe cubensis aparecerem na natureza são principalmente a primavera e o verão, em períodos com chuva e calor moderados, geralmente em temperaturas entre 22C ° e 32C °.
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História dos cogumelos magicos
Humanos têm tido experiências psicodélicas utilizando fungos e vegetais, tanto no uso recreativo como espiritual, ao longo de milênios. Muitos curandeiros e xamãs utilizaram esses cogumelos sagrados para explorar dimensões espirituais. Além da espiritualidade, as práticas tradicionais desses psicodélicos sugerem uma vertente psicoterapêutica presente em rituais de diversas culturas.
Os Psilocybe cubensis, presentes desde as primeiras civilizações há 12.000 anos, têm raízes históricas notáveis; nesse sentido, a evidência mais antiga de seu uso remonta a um mural no norte da Austrália datado de 10.000 a.C., representando cogumelos e ilustrações psicodélicas. Há muitas outras descobertas arqueológicas que apontam registros de cogumelos mágicos: figuras com mãos de cogumelo no norte da África, datadas de cerca de 7.000 anos; hieróglifos no Egito datados de cerca de 4500 anos; pinturas rupestres na Espanha, datadas de 4000 a.C. também indicam que os cogumelos mágicos eram conhecidos pelos povos pré-históricos europeus.
Civilizações antigas da América Central, como os maias e astecas, fizeram amplo uso de cogumelos, ritualisticamente, representando estes fungos como meios de comunicação com os deuses. Os maias e astecas chamavam os cogumelos de Teonanácatl, que significa “carne dos deuses”. Mencionam-se frequente os cogumelos nos mitos religiosos destas civilizações; deuses serpentes, que criaram toda a vida teriam dado cogumelos mágicos de presente aos antepassados deles. Assim, a psilocibina foi utilizada em cerimônias religiosas e espirituais desde 1.500 a.C., desempenhando papéis variados como adivinhação, cura, anestesia da dor e celebrações.
Por que são chamados de cogumelos mágicos?
A denominação “cogumelos mágicos” tornou-se popular, principalmente após María Sabina, uma curandeira Mazateca de Oaxaca, México, introduzir cogumelos psilocybe mexicana a Gordon Wasson durante um ritual religioso. Esse encontro foi fundamental para a disseminação do termo, culminando no ensaio “Seeking the Magic Mushroom”, publicado em 1957, na Revista Life.
O ensaio foi essencial para a introdução ocidental aos cogumelos mágicos Psilocybe cubensis, os quais ganharam notoriedade como cogumelos mágicos, devido aos seus efeitos profundos no pensamento, nos sentidos e na perspectiva de vida, conforme descrito na obra. Desde então, essa designação tem sido associada à experiência transformadora e espiritual proporcionada pelos efeitos psicodélicos desses cogumelos.
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A ciência da psilocibina
Exames de imagem de voluntários, sob a influência da psilocibina, mostraram em ensaio clínico que milhões
de novas conexões neuronais são criadas. O modo padrão de rede neural, MPRN, efetivamente rearranja o
cérebro, além disso, esta pesquisa encontrou benefícios do uso de cogumelos mágicos que podem auxiliar na
saúde mental e levar à neurogênese no cérebro.
Além disso, outras pesquisas, conduzidas pelo Imperial College London e pelo centro de estudos Johns Hopkins,
vem tentando compreender como o consumo de cogumelos pode ajudar no tratamento de doenças mentais,
depressão, abuso de álcool, estresse póstraumático e outras doenças graves, além de buscar identificar
possíveis efeitos colaterais das abordagens terapêuticas.
No Brasil, a Universidade Federal de Campina Grande, na Paraíba, tornou-se a primeira instituição autorizada
a realizar estudos com esses cogumelos medicinais no país. Além disso, busca entender os mecanismos por
trás de possíveis efeitos antidepressivos da psilocibina, comparando-os a outros fármacos e substâncias controladas.
TEMASKAL
O Temazcal, também conhecido como “Tenda do Suor”
É um local construído para a realização de banhos a vapor. Os indígenas a utilizavam para a purificação do corpo e do espírito através dos elementos sagrados: o fogo e a água
Os maias e astecas utilizavam a temazcal com muita frequência para higiene corporal. A casa de banho era também consagrada aos deuses. A cada temazcal construída, um pequeno ídolo de pedra era enterrado no local, simbolizando a presença de uma divindade: Temazcalteci, a deusa dos banhos, ou Tlazoteotl, a deusa do nascimento.
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Ali, os nativos realizam cerimônias curativas para doenças nervosas, doenças de pele, picadas venenosas, ferimentos de guerra. O banho na temazcal servia ainda para convalescentes de febre, infecção e pós-parto.

A sociedade asteca utilizava a terapia térmica como um método de cura favorito, mas também utilizavam massagens e conheciam as propriedades curativas das plantas. Os índios totonacas, tarahumara e otomis utilizam a temazcal para cerimônias de cura, para o nascimento e o batismo de suas crianças e, também, quando uma criança morre usam a temazcal para oferecer - em sacrifício - o sangue de um galo para os deuses e suplicam que eles enviem outra criança para substituir a que se foi.
O códice magliabechiano e o códice florentino contém informações sobre os costumes ligados aos banhos termais utilizados para a realização de cerimônias religiosas e terapias medicinais.[1
A tradição dos banhos a vapor é muito antiga. Os maias (300-900) e os astecas (1325-1521) eram adeptos fervorosos dessa prática importante no cotidiano dos pré-colombianos. A temazcal,[além da limpeza e da higiene tinha finalidade terapêutica e religiosa.
Os códices preservaram inúmeras informações sobre os costumes ligados a esses banhos, representadas por ilustrações. Desenhos que orientam, além de práticas religiosas, sobre tratamentos de saúde, desde doenças nervosas à picadas venenosas, ferimentos de guerra e sequelas de fraturas. Os índios totonacas ainda utilizam a temazcal para o batismo de recém-nascidos e acreditam que o vapor purifica.
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Quais são os benefícios?
Os benefícios do Temazcal podem ser observados sob dois aspectos: promover saúde do corpo físico
(mais denso) e saúde dos corpos mental, emocional e espiritual (mais sutis).
No físico, o calor e a respiração do vapor aromático fazem o corpo suar, relaxar e desintoxicar.
Promove a limpeza dos sinos nasais e paranasais, alivia problemas de sinusite, catarro, asma, bronquite e
enfisema.
Também purifica a pele, estimula a circulação e o sistema imunológico.
Em razão de seu efeito relaxante, combate a insônia e integra os processos mentais.
Essa prática é considerada como um coadjuvante no combate ao estresse.
Nos corpos mais sutis, a Tenda do Suor auxilia na nossa reconexão com os quatro elementos fundamentais
que mantêm a vida do nosso planeta: água, terra, fogo e o ar. Entrar no espaço escuro e quente e retornar
ao útero cósmico inconsciente, permite a abertura para o desconhecido.
É um convite para focar nossa atenção nos “sentidos internos” e contatar nossa Essência, para integrar e
alinhar as múltiplas dimensões do Ser.
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